O DVD “Do Alentejo A Minas Gerais /
Encontro de Violas - Pedro Mestre & Chico Lobo” é o segundo trabalho da
parceria entre Pedro Mestre e Chico Lobo, gravado em 2012.
Depois do Brasil,
este trabalho irá ser apresentado ao público português, no dia 17 de outubro
2014, no Cine – Teatro de Castro Verde, pelas 21h30.
Pedro
Mestre e Chico Lobo encontraram-se pela primeira vez em Portugal, há sete anos.
Conheceram-se durante o Encontro de Culturas de Serpa, um evento que
reúne anualmente artistas de diversos países. Esse acontecimento, que juntou os
tocadores da viola campaniça e da viola caipira alentejana, iniciou uma relação
especial que marcaria a vida dos dois músicos e o percurso dos seus
instrumentos. Em resultado, gravaram o seu primeiro trabalho discográfico, Encontro de Violas – Viola Campaniça e Viola
Caipira Pedro Mestre e Chico Lobo, editado em 2007 no Brasil e em Portugal.
O
ponto de partida desta parceria inédita foi a constatação, por parte dos
tocadores, da existência de uma estreita ligação entre as suas violas. Os
sinais de familiaridade entre os instrumentos revelaram-se logo no primeiro
encontro, em 2006, mas o aprofundamento e longevidade desta relação só foi
possível porque o interesse dos tocadores não se ficou pelos aspetos musicais,
tendo-se alargado nos anos seguintes aos respetivos contextos socioculturais.
Por detrás do espetáculo que as violas proporcionam estão os povos que as
utilizam quotidianamente nas folias de Reis, nas serestas e nas festas do
Divino, em Minas Gerais, ou nos descantes e nos “balhos”, no Alentejo. A
parceria vai, pois, muito para lá do palco e o que o Encontro de Violas tem de
mais característico e surpreendente não é a beleza dos espetáculos que o enorme
talento dos intérpretes proporciona, é a capacidade de, através do dedilhar
dessas cordas, se colocarem as duas culturas em verdadeiro diálogo. Este
entendimento, baseado na amizade entre os músicos e no respeito pela matriz da
tradição, foi sendo sedimentado pelos contactos constantes que se mantiveram
regularmente nesta já longa e persistente caminhada.
Pedro
Mestre e Chico Lobo abriram as portas de suas casas um ao outro, permitindo ao
parceiro de palco o contacto direto com as fontes que transmitem a tradição: a
família e a comunidade. É aí, nos despiques das tabernas e nos serões à lareira
da aldeia de Sete, de Pedro Mestre, no café da manhã com pão de queijo caseiro,
nas serestas e nas folias de São João d’El Rei, de Chico Lobo, que os
espetáculos nascem. Só assim podiam ter sido compostas modas alentejanas por
Chico Lobo, só assim Pedro Mestre podia tornar tão caipira sua viola
tradicional alentejana.
Neste
sentido, acompanham esta gravação do espetáculo do festival Cone(cs)ons, no Rio
de Janeiro, imagens que contextualizam as violas registadas em Minas Gerais e
no Alentejo.
Este
não é, certamente, seu último trabalho, outros hão de vir e serão, também,
importantes marcos no riquíssimo movimento de resgate e dignificação das
culturas regionais, fundamental na resistência à imposição de uma cultura
hegemónica ditada pela globalização.